O mercado magistral, que envolve todas as farmácias de manipulação brasileiras, tem como peculiaridade ser comandado por mulheres, sendo mais específico: farmacêuticas. Com formação específica, mesmo a maioria não tendo formação administrativa ou em gestão, elas imprimem identidade própria ao setor, que fica cada vez mais sólido, graças ao empreendedorismo feminino e as tecnologias empregadas.
O Panorama Setorial da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais) de 2018 mostra que enquanto o Brasil perdeu mais de 2 milhões de postos de trabalho formais entre 2014 e 2017, em plena crise econômica, o setor passou de 6.936 para 7.545 estabelecimentos entre janeiro de 2014 e abril de 2018.
A presença de profissionais de todas as faixas etárias na farmácia de manipulação é um indicativo sobre as perspectivas dos colaboradores. A maior concentração na faixa de 30 a 39 anos (33,4%) demonstra a presença de profissionais já em um estágio consolidado da carreira no setor. A presença da mulher em todas as hierarquias é outra característica predominante.
71% das farmácias de manipulação estão sob o comando feminino
Se o Panorama Setorial Anfarmag 2015-2016 apontou que 71% das farmácias de manipulação estão sob o comando feminino, o cenário não é diferente no mercado de trabalho. O relatório deste ano comprova que 78% (42.113) dos cargos nas farmácias magistrais são ocupados por mulheres. Essa predominância pode ser vista como um indício de que as profissionais enxergam nas farmácias de manipulação um ambiente de trabalho favorável para exercer suas habilidades de forma plena, conciliando a atuação profissional com a vida privada.
Neste contexto, a ala feminina representa 67,5% dos profissionais formados no setor, de acordo com a publicação “Perfil do Farmacêutico no Brasil”, do Conselho Federal de Farmácia, em 2015, e a média de idade é de 43,5 anos, uma geração que entende que soluções tecnológicas são necessárias para uma boa gestão e crescimento dos negócios e do setor.
Segundo a Pesquisa Estatística de Empreendedorismo, do Instituto Empreender Endeavor Brasil (2011), o jeito empreendedor da mulher tem mudado o cenário brasileiro, já que tem um modelo de gestão mais empático, colaborativo, instintivo e também mais humano.
Quando estão à frente de um mercado, como é o caso do magistral, as mulheres provocam mudanças e impactam ações junto à sociedade. Isso porque elas normalmente não empreendem, única e exclusivamente, pelo resultado financeiro, mas porque querem transformar o ambiente social em que vivem e, assim, o mundo.
As gestoras querem soluções rápidas e transformadoras para seus negócios e também para a sociedade e, apesar do talento e esforço diante da alta competitividade, o grande desafio está na administração do tempo. O dia a dia das farmácias de manipulação mescla cuidar da parte técnica, supervisionar o atendimento, relacionar-se com prescritores, ficando sem tempo, muitas vezes, para fazerem o necessário, como networking e outros treinamentos. Elas buscam por soluções práticas e eficientes, porque cada minuto é precioso demais.
Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE (Índice Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2014, são quase 8 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios no Brasil. Elas trabalham, em média, 5 horas por semana a mais que os homens, quando somada à ocupação remunerada e as tarefas domésticas, por isso buscam soluções que aprimorem suas rotinas. E mais: enquanto mais de 60% dos negócios no Brasil têm até cinco anos de atividade, apenas 14,5% das farmácias de manipulação existem há menos de cincos anos.
Este tipo de gestão feminina, traçada e estudada também pela Rede Mulher Empreendedora, – plataforma de serviços que tem como objetivo unir e apoiar as mulheres no desenvolvimento de seus negócios – tem como característica três objetivos.
Primeiro é porque elas querem se manter na profissão, realizando uma atividade da qual dominam ou têm grande interesse. Segundo pelo desejo de fazerem do próprio jeito (após experiências anteriores não satisfatórias) e, em terceiro, porque buscam flexibilidade, já que acumulam diversas funções em suas vidas.
Administração do tempo, finanças e mão de obra
Além da administração do tempo e da necessidade de dados precisos e rápidos para a melhor tomada de decisão, os desafios são: lidar com as finanças e obter mão de obra especializada. Apesar de Recursos Humanos ser essencial para este setor, a verdade é que atrair, treinar e reter talentos não é tarefa fácil.
Segundo dados do Panorama Setorial Anfarmag (Associação das Farmácias de Manipulação Brasileiras), a atividade depende muito de mão de obra, com média de 12 funcionários por empresa, sendo que metade da equipe está alocada na manipulação de produtos e medicamentos. Cerca de 63% desses estabelecimentos mantém em seu quadro de pessoal, dois ou mais farmacêuticos especialistas de nível superior. Portanto, aprimorar a gestão de pessoas e ter o domínio sobre o custo de pessoal e os índices de produtividade da equipe são tarefas essenciais para que uma farmácia seja bem-sucedida.
Isso só é possível a partir de soluções que automatizem processos, treinem a equipe e auxiliem no trabalho de todos, gerando relatórios com informações precisas para as tomadas de decisão mais assertivas.
Pesquisas também mostram que a expectativa de vida da população só aumenta e as pessoas se mantêm ativas por mais tempo. Com uma proporção de idosos aumentando expressivamente, é preciso que os farmacêuticos e atendimentos se capacitem, para conhecer e oferecer produtos que atendam às novas necessidades e tenham um tato diferenciado no atendimento, algo que as mulheres de visão já perceberam.
Envelhecer com saúde, sentindo-se bem, com qualidade de vida, buscando as especialidades que atuam com bem estar e longevidade é mais do que uma escolha, é uma necessidade real. Os efeitos do desenvolvimento estruturado do segmento vão além do sucesso imediatista: eles asseguram o futuro.